domingo, 13 de janeiro de 2008

O trair em um dos seus sentidos menos óbvios...

Creio que isso é mal de canceriano... "trair a minha confiança" pode ser dado em milhares de circunstâncias.

Nunca fui uma familiar muito apegada. Estou perto nos momentos necessários e, muito raramente, nos momentos desnecessários. No que diz respeito a minha bisavó, eu procurava estar perto só nos momentos mais urgentes, afinal, conheço a índole e sei que quem vive perto nunca presta. Com a chegada de uma nova empregada doméstica acabei me tornando a solução de todos os males, pois para tudo que ela precisava, vinha correndo aqui em casa: tirar a temperatura, dar um xarope, ligar para o disk gás e outras milhares de coisas. Sempre Tatiane, sem direito a estar cansada, trabalhando ou indisposta. Sempre Tatiane socorrendo a bisavó cega. Nos meados de novembro, encontrei-a em minha casa (enquanto familiares que tomavam conta foram à missa do primo morto há uma semana) conversando com meu pai. Durante algumas vezes naquela noite, eu saí e voltei para casa ao ponto dela achar que eu estava fora enquanto conversava ao meu respeito. Me criticou, me ofendeu, disse que eu vivia em meu mundo e pouco me importava com as pessoas. Minha única reação naquele momento foi agradecer e sair daquele lugar, mas ela nem reconheceu minha voz. A partir daquele dia assumi uma postura que têm irritado os meus familiares: resolvi ignorá-la, não ajudá-la e ter certeza que no dia em que ela passar mal e mandar me chamar para ajudar, eu deixarei ela morrer, para que o remorso por maltratar pessoas que se importam com ela seja o seu último sentimento e pesar. Dei a minha primeira prova de frieza ontem à tarde, quando a empregada veio aqui pedir um comprimido de Imosec para a "pobre senhora que sofria de diarréia"... e eu disse que não tinha (mesmo sabendo que tinha!).

Para quem observa a minha conduta sem conhecer a "pobre bisa", pode achar de imediato que sou alguma miserável e desnaturada, mas garanto que D. Stella já teria se tornado uma pessoa descente se alguém já tivesse feito isso com ela. Seja a minha prima que foi expulsa da casa por ela e na primeira oportunidade estava lá; ou os filhos e netos que tiveram que ouvir os belos gritos do Natal ("Nâo sei o que esse povo veio fazer em minha casa, eu quero ficar só!") e no Ano Novo já estavam lá novamente; ou os netos que são abertamente tachados de ilegítimos e as mães dos mesmos chamadas de adúlteras... mas que todo domingo vão visitar a velhinha. Eles têm sangue de barata, eu não... apenas desejo que nunca a vida dela esteja em minhas mãos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário