quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A garota que casou porque queria uma festa

Não a culpo, integralmente, por este devaneio, afinal, aos 27 anos, a garota nunca teve uma festa em sua homenagem. Pelo menos, desde quando eu a conheço (1989), só lembro de um bolo (feito por minha mãe) para a 1ª Comunhão.
Eu soube do casamento nos meados de novembro de 2008, mas não faço a menor idéia de quando estes planos começaram. Depois dos rumores da união, chegou à nossa porta a lista do chá de cozinha, repleta de custosos itens em inox (até o saleiro!) e carente de assinaturas. Este aconteceu no final de dezembro, mas minha mãe não pode ir (mandou o presente antes), contudo, soube que não perdeu muita coisa. Imaginem que na véspera do Chá e sob influência de uma tia, a garota descobriu que tinha que oferecer algo para os convidados comerem e beberem: uma bandeja de pãozinho e 04 litros de refrigerante. Se a organização de um mero Chá de Cozinha foi neste ritmo, fiquei imaginando como seria o Casamento.
O bonito convite chegou lado a lado com alguns detalhes intrigantes sobre a formulação do evento, que vai desde a escolha do local (Vilas do Atlântico chega a ser um exagero para a condição social dela) até a quantidade de convites impressos (300... não são convidados, mas convites por família).
As semanas passavam, o dia estava cada vez mais perto e o desespero chegava a ser cômico: não havia muita coisa pronta e nem por fazer. Como um buffet, para quem convidou 300 famílias, sairia muito caro, ela pediu a sogra que preparasse um jantar para a recepção: um bobó de camarão. Infelizmente esta “sogra-orçamentista” errou feio nas contas, pois pediu 18kg de camarão. Isso não daria nem para 300 pessoas, quanto mais para 300 famílias. Com o desespero se abatendo sob a família da “moça”, fomos espectadores das coisas mais contrastantes, pois ao mesmo tempo que se gabava por fazer um tratamento capilar de R$500,00 e pagar R$600,00 só pelo tecido do vestido, a garota chorava miséria aos familiares e implorava ao pai para que ele pegasse um empréstimo. Desespero ocorreu nos dois últimos dias, quando o noivo descobriu que não tinha mais dinheiro para o prometido bolo e as bebidas. Sei que o bolo caiu nas costas de uma amiga dela (quase sobrou para minha mãe), as bebidas foram empurradas para o tio, as flores, a igreja e a lua-de-mel ficaram por conta do pessoal da igreja (Que queixo!!!) e a pobre avó, aposentada com 1 salário mínimo, quase perdeu R$250,00 para a nora muito esperta.
Mesmo com este horroroso repertório, a garota ainda queria mais. Um longo vestido, 7 casais de padrinhos, pajem, damas de honra, uma garotinha para jogar pétalas de rosas... Que sonho! O casamento, marcado para às 19h só começou depois das 22h, a madrinha/prima dela (a que deveria assinar no livro) faltou, o pajem ficou com medo e não levou as alianças, uma das damas de honra teve de ser arrumada às pressas (pela ausência da outra) e, por fim, o noivo só chegou muito depois do atraso da noiva. Casamento feito, pais livres dos filhos insanos, chegou a hora da recepção. O bobó de camarão ficou na promessa, pois nem o cheiro apareceu! O que fez sucesso foi um macarrão parafuso com ravióli. Onde já se viu uma coisa dessa em um casamento??
Espero que isso sirva de alerta para todos os pombinhos que pensam em juntar suas escovas de dente! Nada de voar alto demais! Planejem mais, gastem menos e sigam felizes!